Cada época tem suas leituras plurais de fatos e episódios, que são contextualizados de maneira pessoal ou coletiva. O presentismo que caracteriza a contemporaneidade é perceptível na construção da subjetividade a partir da sociabilidade difusa da experiência coletiva. “Este velho e ilustre eu não é senão uma hipótese, uma alegação; sobretudo não é uma certeza imediata”, antecipava Nietzsche (1978: 49). A descontinuidade ou intermitência dos valores culturais fazem com que o eu nietzscheano se perca neste novismo que chega a propor uma literatura multifacetada, apenas para desfragmentar o cronológico, desconstruindo o tempo no espaço social.
Assim, o presentismo vai aos poucos se insinuando como novo estilo, o pós-moderno. Quase não há mais possibilidade de reflexão neste universo caosmótico do hic et nunc, nesta sociedade volátil em que até as relações de consumo são virtuais. Todo o processo de individuação é dificultado neste ambiente de unidades mínimas e relativas, neste habitat em constante mutação. A instabilidade social configura-se como a única certeza possível e o ser/estar contemporâneo é sentir-se incluso neste redemoinho de informações ou (des)notícias, em que a mídia governa de forma inexorável.
Como escrever contos, crônicas, poemas neste status de imediatismo? Como transferir ao leitor sentimentos se todo o processo social é de desindividuação, se tudo o que se propaga é o alijamento das emoções? Por que desvelar a subjetividade e apresentar-se verdadeira neste jogo de indiferenciação social que marca a contemporaneidade? Só há uma resposta possível: para resistir. Mais do que nunca, produzir arte na contemporaneidade é resistir. Resistir à avalanche de contradições que objetiva unicamente massificar o indivíduo, que vem sendo soterrado bem distante de nossos olhos, cotidiana e gradativamente.
Toda vez que uma nova tentativa de produzir literatura para mitigar a sede de qualidade se implementa no cenário da agoridade, é possível detectar esta necessidade de permanência, este resistir. Significa dizer que uma vez mais o sujeito busca sua legitimação no coletivo, não se silencia. Arte unificada ou caleidoscópica, a produção literária contemporânea tem dizentes que não querem se calar. Ainda resistem.
O atual projeto de pesquisa propõe um estudo aprofundado da produção literária brasileira de autoria feminina e, mais especificamente, na Bahia, a fim de atualizar as leituras sobre o tema e fundamentar teoricamente as discussões dos alunos do Curso de Letras do campus da UESB em Jequié, que participarão do projeto.
Zilda Freitas
Olá, poeta e professora!
ResponderExcluirVim aqui visitá-la também.
Gostei muito da idéia desse projeto literário que valoriza e destaca a literatura baiana feminina.
Fico feliz!
Obrigada pelos comentários e fique à vontade para vir aqui sempre que desejar.
Um abraço,
Maria Maria
Que bom! Mais um site
ResponderExcluirde análise da literatura feminina,
sobretudo a baiana.
Fico feliz, e espero que
o site se torne um sucesso.
Um abraço,
Danilo Pereira
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