quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PALAVRAS DE MULHER


Compor poesias é fazer dialogar a emoção com o silêncio.


Neste interminável e dilacerante conflito, a autora debate-se entre comunicar aos outros as suas impressões do mundo, as suas idéias... ou calar-se. Em sua quase mudez social, a escritora tenta debalde esquivar-se, se ausentar do processo de criação. Muitas negam que produzem literatura, outras apenas observam o fazer poético masculino. Outras tantas publicam com o nome do marido, dos filhos. Existe mesmo uma voz feminina em textos que mimetizam o universo literário masculino? Renovam-se a cada dia os debates sobre gênero e etnia em literatura, tornando inegável a sua consciência do interdito, do entredito.Por que alguém participaria voluntariamente deste fecundo ritual masoquista, que é propriamente o ato de escrita? Por que autoras optam por esta angustiante convivência com a arte? Por que substituir o viver pelo imaginar, o sentir pelo ficcionalizar? Resposta simples para densas questões: porque não podem evitá-lo. Sim, é verdade que “a arte existe porque a vida não basta.” (Paes, 1990: 13)
Zilda Freitas 10 de agosto de 2009

Um comentário:

  1. A iniciativa é muito boa, mas questiono o rótulo "literatura escrita por mulheres", assim como demais rótulos nesse sentido, "literatura escrita por gays". Literatura é literatura, importa o produto final.
    Louvo a iniciativa de mapear a literatura. Tentei mapear os contistas(espero ter alcançado um tanto) na minha Antologia Panorâmica do Conto Baiano - século XX (Editus, 2004), onde estão vozes como Amélia Rodrigues, injustamente esquecida, e Elvira Foeppel, além de outras e outros autores baianos, ainda que bissextos.
    Vou seguir seu blog. Você me deu um tema para discutir lá no meu, que é justamente a questão que começo levantando neste comentário.
    Vida longa ao Palavras de Mulher.

    ResponderExcluir